segunda-feira, 25 de julho de 2011

Conhecendo um pouco mais sobre a Cerimônia do Chá


Transcrição da INTRODUÇÃO do LIVRO
Chadô , Introdução ao Caminho da Cerimônia do Chá

Uma das tradições culturais mais representativas do Japão é o chadô ou o Caminho do Chá, como é amplamente conhecido, inclusive nos centros educacionais, desde os jardins de infância até nas universidades.
Altamente valorizado no mundo educacional, o chadô não tem apenas o objetivo de mitigar a sede: é a síntese do mundo cotidiano da cultura japonesa: uma disciplina que ajuda a aprimorar o caráter, a treinar a mente através de atividades criativas e, assim, a elevar a espiritualidade.
No século XVI, Sem Rikyû Koji expressou a preparação mental necessária para a prática do chadô a través do seguinte waka (poema japonês de 31 sílabas):

“A prática consiste em aprender [gradualmente] de um até dez;
depois, em retornar de dez a um, ao começo.”

O significado fundamental da palavra japonesa keiko (prática) é rever o passado, buscar a sabedoria legada pelos antecessores e vivenciá-la no presente de forma adequada. Para realizar a prática, deve-se avançar cada etapa, passo a passo, com firmeza; aprendendo os fundamentos de cada etapa, treina-se a mente e forma-se [gradualmente] um bom caráter. Finalmente, nessa sociedade contemporânea, que muda vertiginosamente, com o avanço da informática e da globalização, torna-se possível assimilar facilmente a importância daquilo que os japoneses vieram preservando [até hoje]: as tradições culturais, o relacionamento humano, a vida e a consideração para com os outros.
Agora, vocês se encontram na porta de entrada do chadô.
No chadô, o anfitrião começa a traçar o plano da reunião de chá para poder receber os convidados. Faz os preparativos minuciosamente e, na sala de chá, através de uma sequência de movimentos (temae) perfeitamente aprimorados por um longo período de tempo, resulta na tigela de chá que acolhe os convidados. O anfitrião prepara o chá, colocando-se no lugar do convidado que, por sua vez, agradece pela consideração dispensada pelo mesmo.
Na interação entre os convidados e o anfitrião, através do chadô, aprendemos a importância do relacionamento humano, pois pelo fato de vivermos em sociedade, incorporamos naturalmente as normas e a etiqueta. Daí, uma verdadeira amizade poder nascer, preservando a cortesia.
Talvez vocês disponham de pouco tempo para aprender o chadô. Entretanto, através de seu estudo vocês poderão ter um insight daquilo que provavelmente foi perdido em meio à vida apressada do dia-a-dia, que é o sentimento de aceitação, a consideração para com as pessoas ao nosso redor, a sensibilidade à mudança das estações do ano, o relaxamento mental. Os meus sinceros votos para que, por meio do aprendizado (experiência) do chadô nas escolas e para si mesmos, todos possam compreender o Japão e o espírito japonês.

Gasshô
(com reverência)

Sem Sôshitsu
Grão – Mestre Urasenke – XVI descendente de Rikyû Koji

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